Pensados, ditos e escritos.

quarta-feira, junho 20, 2007

Inócuo

Lembrei-me.
Foi ao outro dia, na rua. Sem me lembrar de nada, lembrei-me de tudo.
Acho que foste tu.
Lembrei-me de ti, é tudo.
Não foi revivalismo, foi… lembrar.
Não me lembrei de nós, mas de ti, de como era bom apareceres de vez em quando para conversar, ou nem tanto.
Disse que ia na rua? Desculpa, não foi na rua, era uma estação.
Fiquei sem saber o que reagir, não contava encontrar-te ali. Foi um sorriso abafado (não tenho lata para o abrir sem mais nada).
Depois conto-te.
Como estás? Já não se de ti há tanto tempo…
Às vezes ainda me atrevia a ter quase saudades tuas.
Mas logo vi que não faz sentido, já não há razão para ousar.
Não és tu nem sou eu, é a vida.
Foi bom tropeçar em ti.
Para a próxima avisa com mais tempo, arranja-se uma mesa de café e um par de cadeiras para compor a cena. Aproveito e peço a um croissants que acompanhe o empregado (também aparece um, para o quadro ficar completo) que nos atender.
Até podemos imitar o antigamente e ficar horas a falar sobre tudo e nada.
Isto se não tiveres que objectar (as pessoas tornam-se diferentes e costumam objectar muito - um aborrecimento…).
Mas descansa, ainda vem longe, na imaginação.
Digo-te mais uma vez, nunca é demais avivar:
E não é (mesmo) revivalismo, é (apenas e só, sem complicações daquelas que as existências inventam para se sentirem seguras) lembrar.

João Moreira Pires
20/06/2007

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