Pensados, ditos e escritos.

sexta-feira, julho 22, 2005

Manhã

Manhã

Tive um furo e aproveitei para ir a casa.
Quando cheguei “ela” ainda estava a dormir, o ar era espesso e quente como é próprio da manhã antes de uma casa acordar.
Na sala com as persianas corridas, avancei tacteando e abri-as.
No lento e monótono barulho do motor iam-se revelando os vestígios do dia anterior,
Uma arca fora do sítio,
A mesa com a toalha ainda posta e os guardanapos desarrumados por cima, livros de estudo...Tudo estava calmo e numa sonolência de quem está acordado mas ainda na cama.
Continuei a invadir a intimidade de um sítio onde ainda era noite e penetrei por este ambiente denso e entorpecido qual nuvem de incenso, que me abraçava e convidava ao sono, até chegar à cozinha.
Aqui era evidente que algo acontecera há pouco.
Taças e canecas sujas de leite e chocolate, os flocos e o mel em cima da mesa, como se tudo tivesse sido abandonado à pressa na iminência do grande perigo de não cumprir um horário.
O gato arranhou a mesa onde escrevo para chamar a atenção. Quer festas o malandro, e já sabe que lhas dou.
No corredor via-se a luz do dia que deixava adivinhar os quartos com camas por fazer, pijamas por dobrar, sinais de vida, que por aqui passou há umas horas e que voltará em breve, para fazer viver a casa que ainda desperta da noite que a tomou.

João Gonçalo Moreira Pires13/04/2005